segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Papa renuncia depois de mais de meio milênio


Última renúncia de Papa foi em 1415

Antes de Bento XVI, o Papa Gregório XII era o último a abdicar do cargo. 
Lei canônica prevê renúncia do pontífice por livre e espontânea vontade.

Até o Papa Bento XVI anunciar nesta segunda-feira (11) que vaí renunciar em 28 de fevereiro, a última vez que um Papa abdicou do cargo foi há quase 600 anos. Em 1415, o Papa Gregório XII anunciou a saída do cargo para encerrar uma disputa com um candidato rival à Santa Sé.
Na época, a Igreja Católica vivia uma grande crise, chamada de Grande Cisma do Ocidente, que durou de 1378 a 1417 e levou a três sedes papais: Roma, Avignon (França) e Pisa. Consequentemente, o poder passou a ser disputado por três pontífices, um Papa (de Roma) e dois Antipapas (de Avignon e Pisa). Gregório XII enfrentou a concorrência de Bento XIII e Alexandre V. Em 1415, Gregório XII abdicou do cargo no Concílio de Constança, após grande pressão dentro da Igreja, e morreu dois anos depois. O concílio elegeu em 1417 o Papa Martinho V.
O primeiro registro de renúncia de um Papa foi de Ponciano, que ficou no cargo de 230 a 235 Ponciano foi vítima do imperador Maximiniano, que o aprisionou, condenou e deportou para a Sardenha para fazer trabalhos forçados e renunciou ao chegar à ilha. Em 535, o Papa Silvério foi forçado a abdicar do cargo após ser exilado.
O Papa João XVIII ficou à frente da Igreja Católica de 1003 a 1009, quando renunciou. O Papa Bento IX teve seu ordenado marcado por denúncias de corrupção. Ele abdicou do cargo em 1045 em favor de Gregório VI, mas tentou voltar atrás. Acabou voltando como papa em 1047, deixando o posto em 1048.
O Papa Celestino V ficou nove meses no cargo, entre julho e dezembro de 1294, quando renunciou.
Lei canônica prevê renúncia
Na lei canônica, há um dispositivo que prevê que um Papa pode renunciar, mas precisa fazê-lo por sua livre vontade, e não é necessário que sua renúncia seja aceita por ninguém.
A renúncia de um Papa está prevista no Código de Direito Canônico, no artigo 332.2, que estabelece que para ser válida é necessário que seja de livre e espontânea vontade e que não precisa ser aceita por ninguém. Segundo o código, uma vez tendo renunciado, o papa não pode mais voltar atrás.
Papa Bento XVI celebra a Missa do Galo (Foto: AP Photo)Papa Bento XVI anunciou sua saída (Foto: AP Photo)
A Sé Vacante, ou seja, o tempo que transcorre de quando um papa morre ou renuncia - como anunciou nesta segunda-feira Bento XVI - até que se eleja o sucessor, começará em 28 de fevereiro às 20 horas de Roma (17h de Brasília), segundo anunciou o próprio pontífice em sua carta de renúncia.
Após a saída ou morte do Papa, os assuntos da igreja fica sob a responsabilidade do Cardeal Decano, ou Camerlengo. É ele quem convoca o conclave, que significa “local para reuniões secretas”, reúne todos os 120 cardeais da Igreja Católica noVaticano. Eles ficam isolados em celas particulares e se reúnem na Capela Sistina duas vezes por dia para votar, durante nove dias, nove dias, ou pelo tempo que for necessário.
O voto é secreto. A votação é feita em papel. Para que um Papa seja eleito o candidato deverá ter a maioria dos votos, ou seja, metade mais um. Depois de cada sessão, os papéis da votação são queimados. Se não houver uma definição, uma substância química é adicionada aos papéis para produzir uma fumaça escura, que sai pela chaminé do telhado do Palácio do Vaticano. Se houver uma definição, a fumaça é branca. O novo pontífice é anunciado para a multidão com a frase em latim “Habemus papam”
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