Barbosa Neto
comandava quadrilha que desviou R$ 3,8 mi de kits escolares, diz MP
A constatação faz
parte da denúncia oferecida pelo Ministério Público ao Tribunal de Justiça do
Paraná contra 19 pessoas, entre elas o atual prefeito de Londrina Joaquim
Ribeiro
O ex-prefeito de Londrina Barbosa Neto (PDT) seria
o líder da quadrilha supostamente formada para desviar recursos da prefeitura
com a compra dos kits escolares. A constatação faz parte da denúncia criminal oferecida pelo Ministério
Público (MP) ao Tribunal
de Justiça do Paraná na manhã desta
segunda-feira (17). Além de Barbosa Neto, o prefeito licenciadoJosé
Joaquim Ribeiro (sem partido) e outras 17 pessoas foram denunciados
criminalmente. Entre o indiciamento e a denúncia do MP, o número de pessoas
envolvidas saltou de 14 para 19. Dois ex-agentes públicos ajudaram a engordar a
lista dos denunciados: Fábio Góes e Fidélis Canguçu,
que não foram indiciados, mas foram denunciados. Segundo as investigações do
MP, o prejuízo dos cofres municipais com o superfaturamento da compra dos kits
chegou a R$ 3,8 milhões. O MP conseguiu constatar que R$ 540 mil foram pagos
como propina aos agentes públicos. Em entrevista coletiva, o promotor Cláudio
Esteves explicou que “as denúncias são fundadas nos relatos e nas provas” que
foram colhidas em mandados de busca e apreensão, parte em computadores que
foram apreendidos.
Para o MP, Ribeiro levou R$ 150 mil dos R$ 540 mil
dados como propina. A ex-secretária Karin Sabec levou R$ 10 mil. Os R$ 380 mil
ficaram para o esquema, do qual o principal beneficiário seria o ex-prefeito
Barbosa Neto (PDT).
Segundo o promotor Renato Lima Castro, as provas
não foram levantadas exclusivamente a partir da colaboração dos investigados.
Também foram identificadas as movimentações financeiras. Os saques foram
identificados não com a quebra de sigilo bancário, mas a partir dos documentos
da contabilidade da suposta quadrilha.
Lavagem de dinheiro
De acordo com o promotor Cláudio Esteves, “a
lavagem do dinheiro do peculato” se dava na forma de transferência entre contas
das empresas envolvidas. Uma empresa remetia os recursos para outra. “O
dinheiro vem de São Paulo, desviado em contas para Apucarana, de forma que ele
é diluído”, afirmou Esteves. “Isso é para dissimular a origem ilícita do
dinheiro”, complementou Leila Voltarelli. O procurador Leonir Batisti informou
que os saques eram feitos “picados” para não chamar a atenção dos órgãos de
fiscalização do sistema financeiro
Duas quadrilhas
De acordo com o promotor Cláudio Esteves, “a
denúncia descreve duas quadrilhas”, dois núcleos: a dos empresários e a dos
agentes públicos. As duas quadrilhas convergiram em algum momento para atuar em
Londrina.
“O MP, o Gaeco não tem nenhuma pessoalidade ou preferência partidária. O
nosso papel é fazer isso que estamos fazendo, ou seja, coligir elementos que
consideramos suficientes para ir ao Judiciário”, declarou Leonir
Batisti, coordenador estadual do Gaeco sobre eventuais – e prováveis –
argumentos dos réus sobre uma “vontade politicamente dirigida” do MP.
Relembre o caso
Relembre o caso
Quatorze pessoas, entre elas o
prefeito José Joaquim Ribeiro e o ex-prefeito Barbosa Neto (PDT) foram
indiciadas por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro,
peculato e corrupção ativa na investigação sobre supostas irregularidades na
compra dos kits escolares pela Prefeitura de Londrina. O inquérito inclui fatos
ocorridos em 2010 e 2011, quando foi usada a modalidade “carona” com relação à
licitação da Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) e em 2012, quando seria
feita uma licitação que foi suspensa pelo Judiciário.
Os representantes das empresas que venceram a
licitação disseram ter pagado R$ 270 mil de propina, dos quais Ribeiro admitiu,
em depoimento, ter pegado R$ 150 mil. Segundo os depoimentos prestados pela
ex-secretária da Educação Karin Sabec, a propina seria de 17% do valor dos
contratos. Karin declarou ter ouvido do gerente financeiro da Kriswil, José
Lemes, que seriam 12% para o prefeito e 5% para o secretário da Educação, o que
ela nega ter recebido.
De acordo com o promotor de Patrimônio Público,
Renato Lima Castro, Ribeiro disse que a propina veio da G8 e a primeira
parcela, de R$ 50 mil, foi repassada ao ex-prefeito Barbosa Neto (PDT). As
outras duas remessas, no valor de R$ 100 mil, foram divididas entre atual
prefeito e o ex-secretário da Fazenda, Lindomar Santos.
Ribeiro está licenciado do cargo por dez dias por
problemas de saúde. Desde sua confissão, ele tem sido pressionado por entidades
e movimentos populares a renunciar. Por conta do envolvimento do prefeito nas
denúncias de irregularidades, o inquérito passou a ser de competência do
Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação
Comercial e Industrial de Londrina (Acil) e o Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte) aguardam um
posicionamento do MP sobre o pedido de afastamento do prefeito. Caso isso não
seja feito, as entidades prometem aumentar a
pressão pela renúncia de Ribeiro. Em entrevista ao JL na semana
passada, o presidente da Acil, Flávio Balan, afirmou que entre as possíveis
ações está o fechamento do comércio.
Fonte: JL
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